sábado, 12 de julho de 2014

É futebol ou guerra? Repercusão da derrota do Brasil

O dia 8 de julho foi marcado, na História mundial, por vários acontecimentos relevantes, dentre eles um relacionado à Primeira Guerra Mundial: em 1918, o escritor norte-americano Ernest Hemingway (na ocasião, motorista de ambulância na Cruz Vermelha) foi ferido por estilhaços de uma bomba, na frente austro-húngara desse combate, e suas memórias de guerra resultaram no livro Adeus às Armas, publicado onze anos depois.
Para a contemporaneidade, este fato não teria uma importância considerável, por não ser um escritor conhecido por muitos. Entretanto, no mesmo dia 8 de julho, 96 anos depois, uma seleção de futebol foi brutalmente ferida pelos jogadores alemães, na frente mineira do combate futebolístico, cujo título se tornou, para muitos brasileiros, uma questão de honra, por jogar em seus domínios. Sim, estamos falando de futebol, um esporte capaz de unir povos, de paralisar guerras e de trazer resquícios de esperança e paz para quem já não acredita neles.
Sendo assim, por que há essa miscelânea entre futebol e guerra? Segundo o dicionário on-line Michaelis, a palavra “guerra” possui vários significados, como: “Luta armada entre nações, por motivos territoriais, econômicos ou ideológicos. / Campanha. / Luta. / Arte militar. / Ciência de conduzir um exército em campanha. / Coibição, combate de paixões, abusos, vícios etc.”. Com essa visão, pode-se entender um pouco da convergência entre estas duas práticas opostas, à primeira vista. Se, no combate da Primeira Guerra, os alemães foram um dos maiores humilhados da Tríplice Aliança (vencidos pelos Aliados, que tinham o Brasil como um de seus combatentes), na “luta” futebolística de 2014, o vexame mudou de lado.
Capa do Jornal NH (Novo Hamburgo, Rio Grande do Sul) em 09/07/2014. Fonte: Adnews

Quando se mesclam atitudes e expressões de guerra com as futebolísticas, principalmente no chamado “país do futebol”, é sinal de que a mídia eleva o futebol a um patamar maior do que ele realmente representa. A artilharia pesada da guerra se transforma num arsenal de palavras exacerbadas; a morte súbita, dentro das quatro linhas, geralmente não leva nenhum dos envolvidos à óbito, e o verdadeiro massacre está além de uma goleada de 7 a 1 para a Alemanha. Ao contrário do que acontece com milhões de pessoas que faleceram nas verdadeiras guerras, ao longo dos tempos, a vida de todos segue depois da eliminação.
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