A grande questão em torno da destinação
correta para cada tipo de lixo ganha mais um reforço de grande
importância para a definitiva mudança na forma como lidamos com os
resíduos gerados a cada dia. De acordo com diversas pesquisas
especializadas nesse setor, nos últimos dez anos a população cresceu
cerca de 9,65%, resultando em um aumento de 21% na produção de lixo,
essa condição agravou problemas ambientais e de saúde pública levando
alguns lugares a um colapso na gestão socioambiental. Com isso o assunto
começou a ser tratado com a devida seriedade e urgência que refletiu em
ações efetivamente transformadoras, uma delas é a primeira central
mecanizada para triagem de resíduos sólidos que entra em funcionamento
no bairro de Ponte Pequena, região central da cidade de São Paulo.
Com base no Plano de Gestão Integrada
dos Resíduos Sólidos, que determina que cada município deva ter o seu
próprio planejamento de ações para tratar o lixo reciclável, criando
soluções sustentáveis em torno dessas ações, a cidade de São Paulo sai
na frente com a implementação da central de triagem, onde o lixo seco
(papel, folhas soltas, caixas e embalagens em geral, caixa de metais,
pequenas sucatas, potes e frascos de vidro) passa a ser reaproveitado
para a criação de novos itens de consumo. Com isso cerca de 250
toneladas de lixo serão reaproveitadas diariamente, totalizando quase 80
mil toneladas por ano.
Orçada em R$ 26 milhões, com a
perspectiva de geral R$ 1,6 milhões mensalmente, a Central conta com a
mão de obra de 50 cooperativados, organizadas em 19 mil metros
quadrados, com máquinas e equipamentos especializados, garantindo a
eficiência, funcionalidade e segurança que os funcionários precisam para
o dia-a-dia de um trabalho primordial na gestão dessa nova maneira de
lidar com o lixo nosso de cada dia. Assim, precisamos repensar também o
hábito de separar e destinar corretamente o lixo que produzimos, embora a
grande maioria dos bairros ainda não possui coleta seletiva, é preciso
que saibamos que essa é uma mudança que depende muito do envolvimento de
todos.
Muitos lugares funcionam como posto de
recebimento para material como plástico, papel, embalagens de vidro, a
sugestão é que os condomínios residenciais e os prédios comerciais se
tornem parceiros dessas cooperativas, que recolhe o lixo seco, e leva
aos centros de reciclagem. Uma boa referência é o Movimento Nacional de Catadores de Material Reciclável uma
galera que vem há 12 anos organizando frentes de trabalhos e ações para
melhorar as condições de vida dessa classe tão importante nesse
contexto.
Em dezembro do ano passado o BNDES
anunciou uma linha de crédito de R$ 40 milhões para investimentos na
infraestrutura de 22 centrais mecanizadas que existem em menor escala, o
que garantirá reformas e modernização dos equipamentos, além da
modernização de galpões que também atuam no trabalho de reciclagem dos
resíduos secos. A perspectiva é que o índice de reciclagem, que hoje é
de 1,8% ao ano, passa para pelo menos 10% com possibilidades de
crescimento a cada nova central instalada. A prefeitura de São Paulo
intenciona estender a coleta seletiva aos 96 distritos do município e
implantar centrais mecanizadas de triagem dando suporte a cada lugar.
Então agora é a hora de repensar,
reciclar e reutilizar, mobilize o mundo à sua volta e faça da destinação
correta dos resíduos um hábito diário.
* Monique Rodrigues é diretora de arte e pesquisadora dos temas voltados ao meio ambiente
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